Todas as razões para assistir "Anne with an E"
- Camila
- 30 de ago. de 2018
- 4 min de leitura

Há algum tempo, assistir séries se tornou um dos meus passatempos favoritos. Adoro receber indicações de boa séries e não sou muito de acompanhar a modinha. Costumo assistir as séries mais comentadas, anos depois que ninguém mais as exalta. Gosto de ser a "diferentona". E também não acompanho todas as grandes séries de sucesso. Geralmente tenho opiniões contrárias da galera. Resumindo, sou a chata do rolê.
Por esse motivo não assisti "Anne with an E" de primeira. Também porque na época estava acompanhando outra série, e eu não gosto de assistir várias ao mesmo tempo. Acho que assim não consigo me dedicar a apreciar os detalhes com mais atenção. Outro costume que tenho é de acompanhar as séries pela Netflix. Somente quando quero ver um episódio que ainda não chegou lá, procuro em outros sites. Eu pago a plataforma e acredito que eles possuem um vasto material, dos mais variados gêneros, então prefiro explorá-los. Quando acabei a série que estava assistindo, fiquei sem opção. Comecei a fuçar a plataforma e nada me despertava interesse. Li a sinopse de Anne, mas de cara não me interessei. Larguei um pouco as séries de lado e foquei em outros passatempos.
Um belo dia uma amiga postou no Facebook, um texto gigantesco onde ela citava inúmeros motivos para assistir "Anne with an E". Eu fiquei muito curiosa. Primeiro porque essa amiga é produtora em uma TV, e acredito que por ser da área ela sempre teve bom gosto para filmes e séries. Segundo porque ela não tem o costume de publicar textos longos e opinativos, então se ela o fez, é porque realmente era algo especial. Li o texto e em seguida já liguei a TV para comprovar tudo aquilo que ela falou.
De cara já me encantei com a abertura que é de uma música muito gostosa de ouvir: Ahead by a century (Além do século), da banda canadense The Tragically Hip ou The Hip, como é conhecida. A batida me lembrou um pouco Beatles, o que me encantou ainda mais. Parei para ler um pouco mais sobre a série e fiquei apaixonada quando soube que é uma produção Canadense. Quem me conhece sabe o quanto eu amo o Canadá e tudo que vem de lá.
A série é baseada no livro de 1908 Anne de Green Gables, da escritora canadense Lucy Maud Montgomery. É um romance delicado, sensível, com momentos tristes e muitos desfechos felizes. É a terceira produção audiovisual baseada na obra, porém a mais bem feita de todas. A história se passa no final do século XIX, na ilha de Prince Edward, situada ao norte de Nova Brunswick e da Nova Escócia (na série recebe o nome fictício de Avonlea), e relata a vida de Anne Shirley (Amybeth McNulty), uma jovem órfã que, após uma infância de abusos entre orfanatos e casas de estranhos, é enviada por engano para viver com um casal de irmãos Marilla (Geraldine James) e Matthew Cuthbert (R.H. Thomson), em idade avançada que procuram jovens para ajudá-los nas tarefas braçais da fazenda. Com o passar do tempo, a pequena garota de 13 anos transforma a vida dos irmãos e de toda a pequena cidade, com seu jeito espontâneo, sua imaginação e inteligência brilhantes. As aventuras de Anne abordam temas atemporais e de atual relevância como o empoderamento feminino, preconceito de todos os tipos, identidade e bulliyng.
A fotografia da série é encantadora! Ela foi produzida em cenários tão lindos que, na minha opinião, nem precisam de edição. As paisagens são apaixonantes! Ela se passa praticamente todo o tempo no campo. O que nos permite sentir uma nostalgia que toca a alma, além de tornar os personagens e a história atemporais. Como sou formada em Comunicação, aprendi a apreciar todas as produções audiovisuais, além da história. Observo sempre os detalhes: edição, trilha sonora, texto, efeitos, cenário, pequenos objetos que complementam a cena. E essa série encheu meu coração de amor por completo. Ela, sem dúvidas, foi uma das produções mais lindas que eu já vi! Não encosta nos clichês, e isso se dá graças à força dos personagens e de uma história consistente e cativante. Ultimamente tenho me interessado por produções fora do comum americanizado, e tenho observado um capricho sem igual.

Nessa série tudo soa simples, leve e mágico, mas a vida de Anne é triste. Sempre que vemos pingos de alegria nos olhos da menina, o mundo real aparece para lembrá-la de que o caminho será longo e um tanto árduo. Em contrapartida, a série ressalta a superação de obstáculos, medos e problemas. Por mais ruim que possa parecer, há sempre uma solução. Acho que essa é a lição mais envolvente da série! Anne já sofreu abusos psicológicos, castigos físicos, mas ainda encontra beleza na vida. Ela busca nos livros e na escrita, o alimento para sua imaginação e o acalento para tudo o que já sofreu. A natureza se torna sua amiga e isso é encantador! Ruiva, com sardas, olhos azuis e órfã, Anne é ridicularizada por ser diferente das pessoas da região onde passa a viver. Ela sofre muito por não se sentir bonita, mas descobre que sempre há algo belo e incrível em ser diferente. Encontra pessoas que também possuem suas diferenças e que a ensinam a se aceitar sem medo.
Exaltando a beleza da literatura, dos romances e poesias, a série "Anne with an E" (Anne com E) nos deixa um recado claro de que jamais devemos parar de degustar os fatos da vida, desde os mais simples até os mais difíceis, dos mais felizes aos mais dolorosos. É uma série para ter esperança mesmo vivendo em um mundo tão cruel como o de hoje.
Eu poderia escrever mais mil e uma razões que me fizeram apaixonar pela série, mas por hora, prefiro que cada um encontre seus próprios motivos. Espero despertar o interesse em quem ainda não assistiu. Vale a pena!
Commentaires