A primeira vez que eu acampei
- Camila
- 12 de abr. de 2018
- 4 min de leitura
Sempre quando perguntam do que eu gosto, eu sempre respondo a natureza. É até engraçado isso, por que quem me conhece sabe que eu morro de MEDO de inseto, principalmente os que voam. Isso é péssimo para quem tem vontade de acampar.
A primeira vez que acampei foi na virada de ano de 2016 para 2017. Eu nunca havia acampado antes porque eu tinha medo, não só de bicho, mas de tomar chuva, de precisar ir ao banheiro e ter que ir no mato. Enfim, tinha uma lista de coisas que, para mim, eram motivos suficientes para NÃO ACAMPAR. Alguns amigos já haviam me convidado, e eu sempre recusava. Porém, em 2015 comecei a namorar o Victor. Ele já tinha feito a experiência de acampar em uma praia, e ficou na minha cabeça para que a próxima vez eu fosse com ele. Eu achei que concordando na hora faria ele esquecer lá na frente. Pois me enganei.
Foi chegando perto da virada de ano, então ele decidiu que tinha que acampar. Eu fui resistente, disse que não, até dias antes de ir, mas não foi o suficiente. Ele me arrastou. Como se não bastasse acampar, era em uma praia e para chegar até lá só podia ser de trilha ou barco. Mas eu morro de medo de água, então optei pela trilha. Até porque eu já tinha feito trilha antes e gostei muito. Enfim, fomos. Levamos oito horas de caminhada, com subidas íngremes, lugares bem escorregadios e atravessamos 2 cachoeiras. QUE EXPERIÊNCIA! Para mim, só de chegar na primeira cachoeira já tinha valido a pena.
Ao nos aproximarmos do nosso destino, o cansaço começou a bater mais forte. Juntou a fome de uma comida fresquinha, a sede de uma água bem gelada. Paramos mais vezes para descansar. A cada parada era o som de um pássaro diferente que eu ouvia, um inseto diferente que aparecia, o formato de uma planta diferente que eu observava. Isso para mim foi grandioso. Eu conheci a natureza. Eu descobri elementos que eu não imaginava que existissem nela. Eu enfrentei meu medo de aranha (fui obrigada a enfrentar, porque acho que vi todas as espécies que existem no mundo), isso foi um pouco assustador, mas foi necessário.
Ao chegar na praia, fiquei encantada pelo lugar. Já escurecia, mas a tranquilidade da praia, o som do mar, o céu aberto, as pessoas bem vibe positiva, aquela energia tomou conta do meu coração. Me renovei ali. Foram quatro dias sem mexer no celular porque não tinha área, tomando banho com água gelada, dormindo na barraca, almoçando peixe fresquinho, e observando o cair da tarde OLHANDO O MAR, ao lado do cara que eu amo. Parecia um sonho. Mas o incrível disso é que foi real.
A experiência de dormir na barraca também foi muito legal. Não é confortável. Não tinha travesseiro nem colchão. Dormi em cima da mochila. Minhas roupas estava guardadas junto com a comida. Cozinhamos no meio do mato. Isso me ensinou a desapegar de muita coisa. Me ensinou ainda mais sobre a simplicidade e que eu não preciso de muito para viver realizada, não. Eu estava feliz ali.

Na foto, Victor e eu. Nós estávamos muito cansados e ainda faltava meia hora para chegarmos à praia. Essa é a parte descoberta da trilha. A única parte em que dá para ver a praia.
Para terminar essa experiência, voltamos de barco. Outra coisa que eu tinha medo, quase chorei para não precisar ir, mas quando fui, vi a IMENSIDÃO do mar. O azul puro da água, as pedras em volta, pude concluir que a natureza é PERFEITA. Em tudo.
Eu não estava sozinha, havia mais cinco pessoas no barco, mas eu vivi aquilo sozinha. Por poucos minutos eu deixei de pensar no que poderia acontecer se o barco virasse, e quando fechei os olhos senti algo puro, que eu não havia sentido antes.
Essa experiência me fez reverenciar a natureza. Respeitá-la. Ela é mágica, é pura. A conexão com ela é capaz de fazer muita coisa no nosso cérebro. Ainda no barco, olhamos em volta o caminho todo que fizemos na trilha. Era muito alto. Eu não acreditei que eu estava ali, NO MEIO DO MAR, olhando para um morro enorme, no qual eu havia andado por oito horas. Eu senti orgulho imenso de mim.
Aprendi a me respeitar. A dizer que eu sou capaz. Que eu sou forte. E que todas as vezes que me sentir em meio à tempestades, me sentir sozinha, a natureza sempre vai ser meu refúgio. Ela me fortalece. Me permite olhar para dentro e me reinventar. Eu cheguei em casa renovada. Passei a indicar essa experiência de fazer trilha e acampar, para todos os meus amigos. E eu também quero viver isso de novo.
Concluí que essa experiência foi um breve resumo da vida. A gente se esforça, cansa, acha que não vamos conseguir terminar aquela subida e chegar onde sonhamos. Subimos, descemos. Passamos por momentos bons, como a cachoeira no meio da trilha, depois ficamos cansados de novo, mas no final, a gente descansa. Fique livre para fazer a sua reflexão disso tudo que eu falei. Mas se um dia tiver oportunidade, esqueça tudo, coloque o necessário na mochila e VAI.

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